quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A história da Chicco

Então vejam bem o que me aconteceu e, reparaide moços, se isto é ou não caso para deixar uma mãe [e um pai] à beira de um ataque de nervos, uma queixa à administração ou gestão ou whatever da Chicco e mais uma valente e boa resposta à senhora vendedora (!) que nos atendeu:

 - Entrámos na loja com o propósito de ver e experimentar as tais espreguiçadeiras que vos falei aqui. Já tinha visto num catálogo, a minha irmã também me tinha falado numa muito parecida e achei que esta podia ser a mais completa [apesar de um bocado cara]: com três posições de embalo, músicas e bonequinhos com guizos, uns assentos xpto, enfim, uma série de distracções que o Martim iria adorar, achamos nós.

- A coisa começa logo mal quando, depois de estar uns bons 10 minutos às voltas dentro da loja, de ter olhado umas 10 vezes para a menina que estava, com toda a calma e descontracção ao telemóvel, a combinar com alguém o seu jantar [sem comentários], me dirigi à dita e perguntei se nos podia dar algumas informações. Nem bom dia, nem boa tarde, nem coisa nenhuma. Apenas um levantar de sobrancelhas em jeito de "tinhas de me vir chatear agora?". Bonito, começamos bem.

 - Vamos até ao sítio onde está a dita espreguiçadeira e o diálogo que aconteceu depois disto é surreal:
Eu: "os avós do nosso filho querem oferecer-lhe uma espreguiçadeira no Natal e disseram-nos que esta é a melhor, a mais completa".

Menina [idiota] da Chicco: "pois... a mais completa não sei..." - braços cruzados, silêncio absoluto.

Olhamos um para o outro, o Pai já com vontade de se pirar dali para fora e eu, com alguma paciência e porque queria mesmo saber tudo sobre a bicha, insisto: "mas pode-nos dizer quais são as características, como funciona, se é segura, etc? podemos experimentar?"

Menina [idiota] da Chicco: "poder pode... mas que idade e que peso é que tem o seu filho? acho que não vai dar..." [o seu filho é uma forma muito bonita e simpática e delicada de se dirigir ao bebé, é sim senhora]

Eu, já a ver que a coisa ia correr mal: "tem 2 meses e meio e pesa 6 quilos".

Menina [idiota] da Chicco: "ahhhhhh, 6 quilos.... pois, então não dá. Não dá mesmo. O seu filho está com peso a mais e esta cadeira/espreguiçadeira só dá até aos 9 quilos. Porque é que não lhe compra esta? [e aponta para uma daquelas cadeiras que vão à mesa, sabem? já para bebés mais crescidos] "esta dava de certeza e assim já fica com dois problemas resolvidos. e o pediatra do seu filho não lhe disse que ele tem peso a mais?"

Eu [já a perder a paciência e a ignorar os comentários e perguntas parvas]: "mas, desculpe, posso ou não experimentar a espreguiçadeira?"

Menina [idiota] da Chicco: "Poder pode. Eu sei qual é o seu problema... o seu problema é que habituou mal o seu bebé, deu-lhe colo a mais e agora ele só fica sossegado com embalo, não é? Eu sei o que isso é, oiço muitas mães que vêm aqui queixarem-se do mesmo, mas a culpa é vossa, as senhoras é que começam mal. Agora têm de aguentar."

Bem, parou tudo neste momento. O Pai virou costas e foi com o Martim para a outra ponta da loja e eu, ainda incrédula com o que estava a ouvir, quis ver até onde é que a menina ia. Sim porque ela continuou com a diarreia mental:

"Sabe, quando a senhora o tiver de deixar no infantário vai-se arrepender do colo que lhe deu, porque elas lá deixam-no a um canto e ainda lhe dizem "amigo, podes chorar à vontade, nós não somos a tua mãe ou a tua avó, e não vamos andar contigo ao colo o dia todo". Percebe? Por isso, oiça o que lhe digo, nem vale a pena comprar espreguiçadeiras ou outras coisas para embalar e distrair o seu filho, só anda a gastar dinheiro. Tem é de o deixar chorar até ele se habituar. Isso depois passa-lhe."

E eu já não disse mais nada. Nem agradeci (???), nem consegui proferir palavra. Acho que nem valia o esforço. Mas talvez o chefe desta senhora devesse saber que tipo de vendedora ali tem. É que trabalhar numa loja de uma marca sobejamente conhecida e prestar este tipo de não-informação, estar ao telemóvel a tratar de assuntos pessoais, convencer, literalmente, os clientes a não comprarem o que tinham como propósito e ainda atirar com considerações pessoais sobre o peso do bebé, a culpa das mães que dão colo a mais e o terror dos infantários, é coisa para perder muitos clientes, muitos mesmo. Ah, e ainda há um detalhe importante que confessa no fim do diálogo (!): " é que eu sou mãe de uma menina, tenho muita experiência e sei bem do que falo".

Não, minha cara, não sabe. Está longe, muito longe de saber do que fala, do que vende e do que sente uma Mãe.